segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Aos olhos triste da menina

Olho em seus olhos tristes e vejo por de traz das lágrimas translúcidas tua infinita dor. E pasmo como diante de um gigantesco penhasco encaro impávido essa Dor que não é só tua. Essa parte tua que é minha e de todos os que vivos ainda sentem e por isso sofrem. Pois a existência muda nunca fez promessas de alegria, o que não quer dizer que o grito não possa quebrar o silencio e forjar o sorriso. A alquimia do tempo tudo transforma e mesmo o sofrimento serve de alimento ao porvir. Tuas lagrimas são minhas, em meu peito também bate teu coração, minha solidão agora tem teu rosto e teu jeito doce de ser, estamos juntos, mesmo que a distância e o medo tentem te enganar. Não te iludas nos labirintos do Ego, veja além, e saberá que por debaixo da pedra dura e aparentemente intransponível pulsa a vida, urge o Amor, que incondicional em sua sede não distingui nome nem tempo, só agarra selvagem o que lhe pode nutrir. Bebamos desse Amor primordial para encarar alegres a finitude de nossa existência indelével. Ames sem temer, e devores o que teme para que também o medo se integre a teu ser e te faças mais, no banquete da auto superação, pois a verdadeira vida só começa depois do desespero. Por isso diante de teu abismo não titubeies, pule, e tudo que cair é porque não mais necessitas e o que ficar será teu novo amanhã. 

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