Olho
em seus olhos tristes e vejo por de traz das lágrimas translúcidas tua infinita
dor. E pasmo como diante de um gigantesco penhasco encaro impávido essa Dor que
não é só tua. Essa parte tua que é minha e de todos os que vivos ainda sentem e
por isso sofrem. Pois a existência muda nunca fez promessas de alegria, o que
não quer dizer que o grito não possa quebrar o silencio e forjar o sorriso. A alquimia
do tempo tudo transforma e mesmo o sofrimento serve de alimento ao porvir. Tuas
lagrimas são minhas, em meu peito também bate teu coração, minha solidão agora
tem teu rosto e teu jeito doce de ser, estamos juntos, mesmo que a distância e
o medo tentem te enganar. Não te iludas nos labirintos do Ego, veja além, e
saberá que por debaixo da pedra dura e aparentemente intransponível pulsa a
vida, urge o Amor, que incondicional em sua sede não distingui nome nem tempo,
só agarra selvagem o que lhe pode nutrir. Bebamos desse Amor primordial para
encarar alegres a finitude de nossa existência indelével. Ames sem temer, e devores
o que teme para que também o medo se integre a teu ser e te faças mais, no
banquete da auto superação, pois a verdadeira vida só começa depois do
desespero. Por isso diante de teu abismo não titubeies, pule, e tudo que cair é
porque não mais necessitas e o que ficar será teu novo amanhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário