quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Sobre Democracia ou o governo do Demo e seus aliados

Vivemos em um país democrático, não temos do que reclamar.
Manifestação nas ruas pode, votar para presidente também.
Se o voto vai ser respeitado? não garanto.
Se a manifestação vai ser reprimida? com certeza!
Que bela a Democracia, uma grande festa popular!
Tem saúde e educação, de qualidade? Nem tanto...
Alguns sobrevivem, uns poucos aprendem.
Mas está bom, melhor que nada, podia ser pior.
Poderíamos estar em Cuba e viver uma ditadura.
Como eu amo a Democracia, valor supremo e inquestionável!
Comemoremos nossos direitos e liberdades de cidadão.
Que são garantidos por um papel, esquecido em alguma gaveta.
Mas também, quem liga para tantas letras?
Democracia acima de tudo, nunca vou te abandonar!
Na passeata quero ser ouvido, mas não pode depredar (mandou a TV!)
Os políticos são bonzinhos só querem ajudar.
A polícia tão simpática, nos protege dos bandidos malvados
(heróis mal pagos).
Se perder um direito pode reclamar, mas reclama baixinho.
Pois se a vidraça quebrar a porrada vai rola.
Enfim, só a Democracia devemos exaltar!
Desprezo ditadores, comunistas bolivarianos e vermelhos em geral.
Não ouço pobre, não ouço preto, não ouço índio.
Mulher eu ouço e finjo concordar.
E digo com convicção cega, para você, coitadinho, que ainda não entendeu o recado.
Trabalhe e acredite na Ordem, que o progresso virá!

Quando? Não sei... E agora já chega de questionar!

domingo, 13 de novembro de 2016

Os afetos políticos

As práticas políticas, desde as cotidianas até as institucionais, não se fundão apenas em ideias, conceitos e formas de pensar, mas também em sentimentos, afetos que guiam nossos comportamentos e posicionamentos. Nossas formas de entender o mundo e agir sobre ele partem tanto do racional quando do emocional, não há como separa-los totalmente. Qualquer sistema autoritário, ditatorial (mesmo que se disfarcem com outros títulos) se constroem pelo Ódio, pela negação da diferença e pela aniquilação do Outro. Pois sendo um sistema fechado sobre si mesmo e sobre seus conceitos preestabelecidos, avesso a mudanças e a crítica, acaba substituindo o diálogo pela imposição, o acordo pela violência, a diversidade pela massificação e o conhecimento pelo dogma. Em uma democracia (e isso é um pressuposto que dede orientar sua construção), o afeto que deve preponderar é o Amor, pois esse exige necessariamente uma abertura ao Outro, uma aceitação amigável da diferença. Quando pensamos em direitos sociais, temos que garantir o direito de todos, quando um direito é negado (mesmo que não me atinja diretamente) abre-se um pressuposto, uma ameaça de que o meu também poderá ser negado, por isso não pode haver democracia sem participação coletiva. Quando determinado setor da sociedade apresenta um problema o caminho para resolução tem de ser o diálogo para a construção de acordos, quando isso não acontece corre-se o risco de se cair no autoritarismo e passa-se a odiar o que não se busca entender.