domingo, 15 de maio de 2016

Aplicativo inerente

Ao longo do dia, nas horas de tédio, sacava disfarçadamente o celular do bolso e acionava o tal aplicativo. Uma espécie de correio elegante moderno que lhe prometia encontros, flertes, tudo aquilo que sua vida atarefada e reclusa lhe negava. Talvez até encontrasse algum tipo de amor, liquido que fosse! Fantasiava com as fotos que surgiam. E ao ver as muitas combinações que havia feito, mesmo sem nunca ter encontrado pessoalmente nenhuma delas, quase se sentia o conquistador que nunca fora. Ilusão virtual! Mas quando a tela lhe dizia: Não há ninguém perto de você. Ele levantava a cabeça e a multidão que lhe rodeava parecia mais inacessível que as fotos que colecionava. A verdade desse aplicativo não está no que ele promete, mas no que disfarça.  Inventaram aplicativos para encontros porque os para solidão já nasceram acoplados irremediavelmente ao nosso peito. 

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